Por mais que você tente, está difícil fazer sua mente focar nos estudos? Veja as dicas de especialistas para resolver seu problema

Nosso cérebro é meio fanfarrão: na hora de pensar em estratégias para aquele jogo complicado de videogame ou de ler aquela revista que você adora, ele coopera facilmente. Mas quando é preciso sentar e estudar um pouco, parece não haver jeito de alcançar a concentração.

Isso fica ainda mais desesperador quando estamos em ano de vestibular e não temos tempo a perder. Para ajudar você nisso, o GUIA DO ESTUDANTE conversou com especialistas e pediu dicas para ajudar seu cérebro a se concentrar. Como cada pessoa tem um jeito de funcionar, nem todas elas serão igualmente eficientes para todo mundo. Então é bom fazer uns testes até descobrir quais dão certo para você.

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Não se contente em ler: escreva!
Segundo o professor e autor de livros com dicas para estudos Pierluigi Piazzi, é importante estudar escrevendo, e não só lendo. “Quem só lê perde a concentração. Quem escreve consegue entender o assunto e mantê-lo na mente”, explica ele.

Escreva à mão em vez de digitar
Pesquisas já mostraram que os alunos que fazem isso aprendem mais do que quem só digita. “Você tem movimentos totalmente distintos para escrever cada letra a mão, mas isso não existe quando você está digitando. Isso faz com que mais redes neurais sejam ativadas no processo da escrita”, diz o professor.

Como saber o que vale colocar no papel
Faça resumos, fichamentos e esquemas da matéria. Mas nada de ficar copiando todo o conteúdo dos livros. Para saber o que vale escrever, faça de conta que você está preparando uma cola para uma prova. Por ter pouco espaço e pouco tempo para consulta-la, é preciso ser conciso, mas ao mesmo tempo abordar os pontos principais. É disso que você precisa quando for estudar.

Revise a matéria que aprendeu em aula no mesmo dia
Além de evitar acumular matérias, estudar o conteúdo visto em sala de aula no mesmo dia fará com que seu cérebro entenda que aquilo é importante e o memorize.

Estude sozinho
Vamos combinar que, por mais legal que seja se reunir com os amigos para estudar, você acaba falando mais de outras coisas e as dúvidas permanecem. O professor Pierluigi é um grande defensor da ideia de que só se aprende mesmo no estudo solitário. “Estudar em grupo é útil se você for a pessoa que explica a matéria para os outros. Quem ouve não aproveita”, diz ele. A melhor dica para um bom estudo, aliás, e explicar a matéria para si mesmo.

Use as aulas para entender as matérias e tirar dúvidas
Um erro comum, segundo o professor Pierluigi, é fazer dois cursinhos para ter um maior numero de aulas – o que realmente vai fazer diferença no vestibular é o momento em que você estuda sozinho, não o número de aulas que pegou. Mas isso não significa que vale cabular ou dormir nas aulas: elas são importantes para entender a matéria e tirar dúvidas.

Desligue todos os aparelhos eletrônicos.
Na hora de estudar, nada de deixar o celular por perto avisando você de cada notificação no Facebook. E nem caia na tentação de abrir o Facebook só por “dois minutinhos”. Esses dois minutinhos sempre se estendem e acabam com toda a sua concentração. Reserve um tempinho do seu dia só para as redes sociais e faça isso virar rotina para que se acostume a checá-la apenas nesse tempo específico.

Estude em um local organizado e tranquilo
O resto da sua casa até pode ser uma bagunça, mas o local onde você costuma estudar precisa estar sempre organizado e silencioso. Ter muitas coisas espalhadas pode atrapalhar a sua concentração e há o risco de perder tempo procurando coisas que sumiram na bagunça.

Música? Só em línguas que você não entenda
Não é proibido estudar ouvindo música – há quem precise dela para se concentrar. Mas evite ouvir músicas em idiomas que você entenda – isso pode fazer com que você desvie sua atenção para a letra e esqueça a matéria.

Use marca-texto
Usar canetas coloridas e marca-texto para enfatizar os pontos principais é uma boa ajuda para manter o foco no que for importante, especialmente se você tem problemas mais sérios de déficit de atenção. Post-its também podem ser úteis.

Respeite seu tempo
Se você é mais produtivo de manhã, deixe para estudar as matérias mais difíceis nesse período. Quando sentir que a concentração não está rolando de jeito nenhum, faça uma pequena parada e depois volte. Manter intervalos regulares é fundamental – e a frequência vai depender do seu ritmo.

Tenha uma programação organizada, mas seja flexível
Use uma agenda ou quadro branco para organizar suas tarefas e respeite-a! Mas faça programações realistas para que você não se desanime. Definir que você vai estudar durante oito horas por dia se você tem várias outras atividades, por exemplo, não é algo razoável. E esteja aberto para mudanças, caso seja necessário.

Crie um pequeno ritual antes de estudar
Sempre que for mergulhar nos estudos, crie e respeite um ritualzinho antes. Pode ser um alongamento, pegar um copo de suco para deixar na sua mesa, ou que mais achar melhor. Com o tempo, seu cérebro vai entender que é hora dos estudos e ficará mais fácil se concentrar.

Quando a dificuldade de concentração é crônica
Às vezes, a falta de atenção pode ser crônica e estar associada ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). “Todo mundo pode ser os sintomas, mas não o TDAH de fato. O que conta é chama é a persistência e o prejuízo que isso traz para as pessoas do ponto de vista educacional (como evasão e não conclusão dos estudos) e sociais (dificuldade de inserção no mercado de trabalho, inadaptação social etc.)”, explica Cláudia Machado Siqueira, neuropediatra e coordenadora do Laboratório de Estudos dos Transtornos de Aprendizagem (LETRA) do Hospital das Clínicas da UFMG.

Os sintomas do TDAH, tanto de desatenção quanto de hiperatividade, aparecem por volta dos 3 a 7 anos de idade. Na vida adulta, o que fica geralmente é a dificuldade de se concentrar na metade dos casos – a hiperatividade diminui. Pesquisas apontam fatores genéticos e neurológicos como as principais causas prováveis do problema, embora fatores sociais possam contribuir no desenvolvimento de problemas associados.

Nesse caso, é necessário procurar um especialista. “O problema não tem cura, porque é o jeito como seu cérebro funciona”, explica Cláudia Siqueira. Mas existe tratamento, geralmente feito com medicamentos e com a chamada terapia cognitivo comportamental (um segmento da psicologia que ajuda a criar estratégias para ajudar a pessoa na organização, planejamento e cumprimento de tarefas e objetivos, como as que a gente listou aqui).

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